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Luzes, câmera, ação: o cinema brasileiro é campeão!EM CANNES l6c4k
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EM CANNES, uma das mecas do cinema mundial, o filme “Agente Secreto” – brasileiro, pernambucano – foi aplaudido de pé. Ovacionado por 13 minutos. Emocionante. Independentemente das premiações que venha a amealhar ali ou alhures, esse reconhecimento do público internacional é uma conquista fantástica.
KLEBER MENDONÇA FILHO é o diretor da obra ovacionada. Natural do Recife, nasceu em 1968, coleciona premiações e prestígio na sétima arte, conforme resumido pela Wikipédia: “seus filmes O Som ao Redor e Aquarius foram incluídos na respeitada lista dos 10 melhores do ano do jornal norte-americano The New York Times, e o terceiro longa-metragem do cineasta, Bacurau, conquistou o Prêmio do Juri no Festival de Cannes em 2019. Kleber Mendonça Filho foi citado pelo jornal britânico Financial Times, em publicação de 2013, como um dos ‘25 brasileiros que merecem atenção de todo o mundo’. Como realizador, migrou do vídeo nos anos 90, quando experimentou ficção, documentários e videoclipes para o digital e o 35mm na década de 2000 (...). Seus filmes receberam mais de 120 prêmios no Brasil e no exterior, com seleções em festivais como Nova Iorque, Copenhague e Cannes”.
SINOPSE PUBLICADA no site adorocinema.com, informa que “O Agente Secreto, escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho, se a no Brasil de 1977 onde Marcelo (Wagner Moura), um homem que trabalha como professor especializado em tecnologia, com os seus 40 anos de idade, sai da movimentada São Paulo e vai para Recife, tentando fugir do seu ado violento e misterioso, com a intenção de começar uma nova vida. Ali, ele chega na semana do Carnaval, então logo a paz e a calmaria da cidade vão se esvaindo, e com o decorrer do tempo ele percebe que atraiu para si o caos do qual ele sempre quis fugir. Para piorar a situação, além dele estar sendo espionado pelos seus vizinhos, a cidade que ele achou que o acolheria, ficou muito longe de ser o seu refúgio”. E o site G1 complementa que “o suspense se desenrola em meio à atmosfera política e social daquele Brasil da década de 1970”.
SOU FÃ DO CINEMA pernambucano contemporâneo desde que li o roteiro d’O Baile Perfumado, em 1994. Em 1995 tive o privilégio (por puro acaso) de acompanhar de perto a produção daquele filme antológico sobre Lampião, Maria Bonita e Benjamin Abraão, concebido e dirigido por Paulo Caldas e Lírio Ferreira. Assisti poucos filmes de Kleber Mendonça, confesso, mas gostei muito do que vi. E me agrada especialmente a temática contestatória, afiada e distante do panfletarismo e/ou partidarismo. A criatividade é a marca da escola recifense de cinema – a melhor, a meu ver, fora do eixo Rio/São Paulo. E tem gente alagoana a brilhar n’O Agente Secreto: Anne Oliva e Aline Marta, atrizes de enorme talento e de duas gerações distintas, são destaques no elenco; e, por trás das câmeras, Gabi Miranda (continuísta) é outra estrela radiosa a pisar no tapete vermelho de Cannes neste ano da graça de 2025.
SOB QUAISQUER CIRCUNSTÂNCIAS é um triunfo a ser comemorado o reconhecimento mundial do cinema brasileiro. Assim foi em 1962, com “O Pagador de Promessas”, dirigido por Anselmo Duarte, com roteiro adaptado de peça de Dias Gomes, filme que ganhou a cobiçada Palma de Ouro do Festival de Cannes daquele ano. Nas circunstâncias atuais, todo destaque conquistado por obras vinculadas aos compromissos democráticos e humanistas é uma vitória múltipla, de grande valor agregado, pois vivemos, no Brasil e no mundo, um momento de grande perigo com a ascensão do ideário de extrema-direita. Nesse cenário se deu a conquista do Oscar com “Ainda Estamos Aqui”. E os 13 minutos de palmas espontâneas e entusiásticas do público, em Cannes, valem muito, tanto quanto a Palma de Ouro que o júri do festival vai decidir depois.

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Sobre 3g5w1a
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.